Atletas e moradores de Nova Iguaçu vencem a depressão pelo esporte
Welton Almeida Silva, de 21 anos, acostumou-se a subir, nos últimos cinco anos, ao topo do pódio em algumas das principais competições de kickboxing. Mas para se tornar o atual bicampeão intermunicipal, ele enfrentou uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 6% da população brasileira, o que representa quase 12 milhões de pessoas. Foi pelo esporte que ele superou a depressão e vem treinando quatro vezes por semana, no polo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Nova Iguaçu e na Vila Olímpica, para tentar, em agosto, ser tricampeão e se classificar para a Copa do Brasil de kickboxing, em outubro.
Antes de ir para o tatame, Welton praticamente não saia de casa. Ficava em seu quarto, era sedentário, não tinha amigos e se alimentava de maneira inadequada. Percebendo a situação, sua mãe, Cintia de Araujo Almeida, decidiu ajudar o filho a superar essa fase difícil e o matriculou para aulas de kickboxing. Esse passo foi essencial para que o jovem recuperasse sua saúde mental e se tornasse um exemplo para outras pessoas.
“Quando minha mãe me colocou no kickboxing, voltei a sorrir. Conheci amigos, passei a ter uma energia diferente e melhorei meus hábitos. Me socializei com outras pessoas e melhorei meu desempenho na escola. Hoje, além de ser um campeão no esporte, sou campeão da vida, tenho uma autoestima elevada”, revela Welton.
Tendo como ídolo o brasileiro Alex Sandro Silva Pereira, também conhecido como Alex Poatan, lutador profissional de artes marciais mistas (MMA) e ex-lutador de kickboxing, Welton sonha fazer carreira no exterior. Ele lembra que seu amor pelo esporte também foi impulsionado pelo vínculo de amizade e lealdade com seu professor de educação física e profissional de kickboxing, André Luis Soeiro, o André Negrito.
“O Welton tem potencial para ir ainda mais longe. Ele tem talento e muito esforço. O esporte mudou a vida dele, já que ele era um menino sem amigos. Agora, ele é um campeão que venceu a depressão e a ansiedade”, emociona-se Negrito. “A prática do esporte pode ajudar no combate à depressão, a melhorar o ânimo, reduzir a irritabilidade e aumentar a sensação de bem-estar, pode aumentar a confiança e a autoestima”.
Ainda sem local definido, o Campeonato Intermunicipal de kickboxing vai reunir cerca de 600 atletas no dia 3 de agosto. Já a Copa Brasil, em outubro, pode ser disputada no Paraná ou no Distrito Federal, com a participação de mil lutadores. No currículo, Welton tem também os títulos do Estadual de 2021 e o da Taça Rio, em 2022, além de ser vice-campeão brasileiro, em 2021.
Da depressão às piscinas do Centro Olímpico de Nova Iguaçu
A hidroginástica em Nova Iguaçu também tem sido uma forte aliada na luta contra a depressão. Aluna do Centro Olímpico da cidade há seis meses, a técnica de enfermagem Juliana Mendes da Silva, de 48 anos, conta que todas às terças e quintas a prática do esporte tem ajudado a superar a depressão.
“A hidroginástica me trouxe mais vontade de viver, inclusive com novas amizades. Enfrento a depressão desde os meus 12 anos, quando tive uma crise muito séria. Quando estou na piscina, os 40 minutos de aula mudam minha vida. É um alívio, pois estou mais feliz aqui”, garantiu Juliana.
Professor de hidroginástica e de natação no Centro Olímpico, Fábio Gomes ressalta que estudos científicos já demonstraram que o esporte melhora a vida de pessoas com problemas de depressão e de ansiedade.
“Geralmente, quando essas pessoas chegam aqui, estão desestimuladas. Mostramos que, pela atividade física, é possível reverter este quadro depressivo, trazendo elas para uma vida saudável”, afirma Gomes. “Não é só uma aula de natação ou de hidroginástica, é uma terapia, pois trabalhamos com o corpo e a mente. Cuidamos das pessoas”.
O Centro Olímpico de Nova Iguaçu fica na Rua Savério José Bruno, no Centro, próximo à Universidade Rural.