Agência Minas Gerais | Danos provocados por chuvas em rodovias estaduais de Minas têm queda de 65%
O esforço empreendido pelo Governo de Minas no sentido de melhorar a infraestrutura rodoviária do estado começa a surtir um novo efeito, desta vez relacionado à queda do número de ocorrências ligadas às chuvas na malha viária entre 2023 e 2024.
Dados levantados pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) apontam redução de 65% em problemas que demandam médio e longo prazo para resolução.
Em todo o estado, esses tipos de ocorrência caíram de 20 para sete, se comparados os períodos de 2022/2023 e 2023/2024. São dois locais na região Norte e outros dois na região dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, além das regiões do Vale do Rio Doce, Zona da Mata e Centro-Oeste, com um registro cada.
Dos sete trechos com interrupção, quatro estão liberados e os demais com obras em andamento ou a iniciar. Há, no entanto, duas ocorrências não relacionadas à chuva, devido a ação de vandalismo, ambas na MG-314, na altura dos kms 31 e 53. O DER-MG já solucionou os problemas e restabeleceu o tráfego nos dois locais.
O diretor-geral do DER-MG, Rodrigo Tavares, explica o que configura problema de médio e longo prazo para solução. Segundo ele, os rompimentos de bueiros, as pontes interditadas, os rompimentos de pista, entre outros eventos de grande porte que interrompem o tráfego são os mais frequentes.
“Historicamente, em locais onde eram registradas mais ocorrências desta natureza, como na Zona da Mata, Rio Doce e parte da Região Central, foram apenas duas interrupções de tráfego. Uma no município de Fervedouro, no km 62 da MGC-482, cuja obra está em andamento e outra próxima a Central de Minas, trecho já liberado”, aponta.
Em sua avaliação, o aumento dos investimentos por meio do Provias, o maior programa de recuperação rodoviária da última década, e o trabalho de conservação rotineira das 40 coordenadorias do DER-MG, contribuem diretamente para diminuir as ocorrências e, consequentemente, melhorar a segurança viária.
A mesma opinião é compartilhada por quem usa diariamente a malha rodoviária mineira e ajuda a transportar a riqueza produzida no estado. É o caso do presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antônio Luiz da Silva Júnior.
Para o gestor da entidade, o aporte de recursos destinados à infraestrutura rodoviária teve um impacto positivo para o setor.
“Nós vínhamos sofrendo muito na última década, principalmente no período de chuvas, mas em 2022, com a entrada do Provias, a melhora já foi sensível. Em 2023/2024 a redução foi ainda maior, sobretudo nas interdições de rodovias, com queda de mais de 60%, conforme a gente vem acompanhado pelo nosso programa Ir e Vir Seguro, que ajuda a monitorar a malha rodoviária de Minas,” explica.
Walter Luiz de Lacerda Nunes, comerciante do município de Lajinha, localizado na Zona da Mata, também percebeu as melhorias na malha viária da região.
“Anteriormente, interrupções nas rodovias eram uma rotina, em função da ausência de manutenção e conservação. Tínhamos, no máximo, uma operação tapa-buracos. Após as obras, não tivemos nenhuma ocorrência provocada pelas chuvas”, explica.
As demandas de curto prazo, que são aquelas solucionadas em menos de 12 horas após a sua ocorrência, também caíram. Configuram neste critério quedas de pequenas barreiras, abatimentos superficiais, quedas de galhos e arbustos e erosões que não comprometem a dirigibilidade do motorista na pista.
Plantão garante rapidez
O DER-MG está atuando de forma ininterrupta, seja na execução dos serviços emergenciais necessários, na busca por uma solução definitiva ou no monitoramento do ponto até que seja possível restabelecer totalmente o tráfego.
Durante o período de chuvas, as equipes trabalham em regime de plantão para dar uma resposta rápida para a população.
Em 28/1, por exemplo, quedas de barreiras interromperam o tráfego na LMG-758, no trecho que liga Belo Oriente – Açucena – Virginópolis e, no mesmo dia, o departamento realizou a desobstrução dos pontos da rodovia.
Também nesta mesma data, na MGC-367, entre Araçuaí e Virgem da Lapa, o tráfego ficou limitado a meia pista devido à queda de barreira e árvores. No dia seguinte, os serviços de limpeza foram concluídos e o trânsito liberado totalmente.
Na LMG-676, que faz a ligação de Araçuaí até Berilo, passando por Francisco Badaró, também ocorrem quedas de árvores, que foram retiradas, imediatamente, após o órgão ser notificado.
Na região Norte, os serviços na ponte sobre o Rio Caititu, na MGC-122, km 238, entre Janaúba e o entroncamento da BR-251, que liga Montes Claros a Janaúba, no Norte do estado, foram concluídos em cinco dias. O trecho estava com restrição de tráfego para todos os tipos de veículos, devido às fortes chuvas que comprometeram o encabeçamento da estrutura.
Investimento robusto
Minas Gerais tem ampliado os investimentos em toda a malha viária. Em 2023, somente em serviços de conservação e recuperação funcional foram aportados R$ 721 milhões.
Além disso, 80 pontos críticos passaram por obras e outros 728 quilômetros estão com obras em andamento. Para 2024, o investimento na infraestrutura viária será ainda mais robusto e deverá chegar a R$ 1,2 bilhão com a conclusão de 1.184 quilômetros de recuperação do pavimento por meio do Provias e outros programas.
Ainda para o ano de 2024, 60 pontos críticos da malha rodoviária mineira serão eliminados.
Novo modelo de contrato de conservação
As boas notícias para 2024 não param por aí. O DER-MG tem a expectativa na melhora da conservação rodoviária tendo em vista o novo modelo de contrato de conservação permanente, que tem por objetivo aumentar a qualidade dos serviços de manutenção rotineira nas rodovias estaduais.
O ponto chave desse novo modelo é garantir que pequenos problemas nas rodovias não evoluam para situações mais complexas, que coloquem em risco os usuários e gerem custos excessivos para os cofres públicos.
Para garantir que o programa traga resultados efetivos à sociedade, os investimentos também serão ampliados.
“Anualmente, o DER-MG vinha investindo, aproximadamente, R$ 7 milhões na manutenção da malha rodoviária de cada regional. A partir deste ano serão, em média, R$ 24 milhões em investimentos’, explica o diretor-geral do DER-MG, Rodrigo Tavares.
Aplicativo
O DER-MG desenvolveu um aplicativo que trabalha on e off-line que passou a permitir as 40 coordenadorias regionais registrem as ocorrências nas rodovias em tempo real.
Ele favorece o mapeamento dos problemas mais constantes e possibilita o planejamento e a priorização dos trabalhos de manutenção e melhorias.
Posteriormente, a ferramenta será disponibilizada para consulta do cidadão com todas as informações importantes – visualizar interdições, rotas alternativas e as reais condições das estradas.
Índice de chuvas
Janeiro de 2024 foi marcado por chuva acima da média na Bahia, Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais. Além disso, o mês também teve calor, típico do verão, e influência do El Niño, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Vale destacar que o período considerado chuvoso no estado vai de outubro a março, assim como em todos os estados da região Sudeste. Mas as primeiras chuvas já começam a ocorrer em meados de setembro, marcando o fim do período de estiagem.
Além das chuvas, Minas tem mais um desafio que é a questão do seu relevo que difere de outras regiões do país, o que impacta nos serviços de manutenção da malha rodoviária.
Provias
Considerado o maior programa de recuperação rodoviária da última década, o Provias, do Governo de Minas, tem como objetivo reverter a situação precária em que se encontram muitas rodovias mineiras devido ao baixo investimento realizado por gestões anteriores na manutenção das estradas. O programa leva mais segurança e investimentos para o estado.
O programa conta com R$ 2,6 bilhões em investimentos, que estão sendo aplicados em 124 intervenções em rodovias de Norte a Sul do estado.
Dos recursos destinados ao Provias, R$ 1,4 bilhão é originado do Acordo Judicial com o objetivo de reparar danos decorrentes do desastre de Brumadinho, que tirou 272 vidas e gerou uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos na bacia do Rio Paraopeba e em todo o estado de Minas Gerais.